segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Coisas da idade




Ô saudade dos tempos de criança. Dormia na sala assistindo TV, meus pais me pegavam no colo, me colocavam na cama. Às vezes tentavam me fazer ir andando igual a um sonâmbulo, que fazia xixi no quarto e deitava no chão do banheiro. Aprontava e todos riam porque eu era bonitinho, engraçadinho, nada do que fazia era por maldade. Tinha pensamentos que os adultos nem imaginavam que teria.

Sonhos que pareciam tão fáceis de ser realizados. Quem nunca sonhou em ser policial, bombeiro, paleontólogo, astronauta, ou mesmo, palhaço de circo? Fazer escavações e achar grandes tesouros, fazer viagens à Lua, coisas para as pessoas ao seu redor se orgulharem de você... Sonhos tão distantes de vários de nós, alguns que nem valem a pena relembrar.

O tempo passa e quando crescemos, notamos a nossa realidade, os sonhos, para alguns, acabaram se transformando em pesadelo. Desespero quando chegamos aos 25, olhamos pra trás e pensamos: car@#%*, o que fiz da minha vida? Cadê os carrões dos filmes, os iates cheio de modelos e atrizes, fins de semana na própria casa de praia? E as viagens de férias para o Egito, Thaiti, Veneza, Havaí? É quando me dou conta de que nada passou de sonho. Quando percebo que filmes são apenas ficção para a “grande” maioria.

Um quase velho, que nada tem para contar. Posso me orgulhar um pouco de coisas passadas, mas passado não me serve de muita coisa. Só lembranças que prefiro não ter, pela saudade, outras vezes, dor, que causam. Ter deixado amigos pra trás, amigos que depois de 4 anos se tornaram irmãos, que perderão contato com o tempo, deixarão de ser irmãos, tomarão rumos diferentes em suas vidas.

Tenho 25. Às vezes 12, outras 60 anos. Sou um velho quase de meia idade, que não conseguiu levar a mente muito longe. Quase os mesmos pensamentos, sonhos, lembranças... Um jovem que foge das grandes badalações. Um velho que gosta de carrinhos de controle remoto. Um “eu” confuso que fica louco a cada uma dessas reações.

O que importa agora é tentar ser alguém, fazer a diferença, sair do anonimato, e fazer com que minhas futuras gerações, ao escreverem algum pensamento, consigam mostrar tudo o que realizaram e possam me agradecer por ajudá-los a escrever suas vidas.




Lipe

Nenhum comentário:

Postar um comentário