segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PESSOAS

Liberdade: quando e onde a perdemos.


Hoje na lotadíssima sala de espera do consultório ortopédico, onde eu procurava  tratar mais uma das muitas inflamações por movimentos repetitivos, pude ver de perto os pequenos traços dos inúmeros grilhões que nos travam durante a nossa vida.


 Uma criança brincava com seu reflexo e os desenhos que fazia com as pontas dos seus pequenos dedos, circulando a superfície úmida condensada do ar quente que saia de seus pulmões e se deparava com o vidro gelado e transparente, quase invisível, do consultório.

A simplicidade das coisas.

A criança com a pontinha do dedo encostava, admirado, no vidro gelado e impossível de ser transpassado e olhava com um sorriso de fazer qualquer um sorrir, talvez pensando "Eureka", pra mãe que como quase todos nós não consegue mais ver a beleza existente nas coisas simples e corriqueiras do dia.


Que loucura é esse mundo transformado em que vivemos. E o mais incrível é que nos habituamos a todas normas e regras dele.
Não ria alto ou em lugares não apropriados. Não seja muito feliz ou chame a atenção pra si. Não chore por qualquer coisa ou se possível por coisa alguma - essa é para os homens -. Não fale com estranhos, e com o motorista, somente o indispensável. Não saia da linha, mantenha-se no padrão.

Não há mais liberdade,  não podemos exceder, mostrar o que realmente somos, ir além do esperado. Percebi isso nas palavras sempre repetidas daquela mãe protetora no consultório que não compreendia a vontade da criança em compartilhar algo incrível. Ela dizia:"não, não pode. Não faça isso, não vá pra'li ". E assim por diante. Instinto protetor e completamente natural de mãe.

Ops:

...

_Minha mãe ta mandando eu desligar o computer. Não posso ficar tão tarde da noite na internet_ (Ta mãe, tô desligando).

Eliakim Abner

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